A lição para as empresas, a partir da Conferência Rio+20, é se voltar para a cidade onde estão instaladas e ampliar as relações com a sociedade local. Uma iniciativa exemplar do setor empresarial brasileiro para a Conferência Rio+20, no Rio de Janeiro, é o prédio Humanidade 2012, que deu a dimensão do espírito esperado para o encontro, onde autoridades globais e especialistas se reuniram recentemente com o ousado objetivo de discutir os principais problemas relacionados ao meio ambiente e os caminhos que estão sendo traçados para se alcançar uma economia verde, capaz de proporcionar o desenvolvimento sustentável do planeta.
Idealizado pela Fiesp, Sistema Firjan e Fundação Roberto Marinho, em uma área total de mais de 7 mil m2, no Forte de Copacabana, o projeto, assinado pela cenógrafa Bia Lessa, foi erguido em cenário de riquezas naturais, com horizonte vivificante para revelar a esperança no futuro e a crença de que as nações serão capazes de superar suas limitações políticas, econômicas e sociais e disseminar por todos os continentes o conceito de sustentabilidade.
As salas temáticas instaladas no Humanidade 2012 foram pensadas para refletir a diversidade dos problemas globais, nacionais, a complexidade do trabalho em vista e a importância do encontro para o mundo.
Devido à crise financeira nos principais centros econômicos da Europa e EUA, os organizadores do evento estavam cautelosos em relação a assinatura de protocolos de ações e metas ambientais arrojadas para as próximas décadas, diferente do que ocorreu no encontro anterior realizado no Brasil, o Eco 92, quando, ambientalistas e autoridades do mundo todo conseguiram avançar visivelmente e definir estratégias claras para incorporar por definitivo a temática ambiental na gestão pública e privada ao tratar das mudanças climáticas (dando origem ao Protocolo de Kyoto para a redução de gases de efeito estufa) e criar a Agenda 21, estabelecendo ações e metas de governos que nasceriam a partir do diagnóstico das cidades para identificar seus principais problemas nas mais diversas áreas (ambiental, social, educacional, estrutural, saúde, mobilidade, lazer e cultura etc.).
A estratégia do terceiro setor para este encontro, visando evitar desvio de foco e compromissos inatingíveis, foi orientar a discussão para o desenvolvimento das cidades, que é onde as coisas realmente acontecem. Com base em experiência acumulada, a premissa elementar de que os problemas são globais, de cada país, de cada estado, mas são percebidos e sentidos pelas pessoas nas cidades, onde elas vivem e clamam por soluções. Sendo assim, passadas décadas de encontros sucessivos e de muitas teorias acumuladas, o momento é propício ao pragmatismo, pois não há muito mais a se discutir sobre o que fazer. O momento é discutir as experiências, o como fazer para que as cidades sejam sustentáveis.
A própria instalação Humanidade 2012 foi ponto de encontro de prefeitos de dezenas de cidades do planeta que trouxeram na bagagem exemplos de ações bem sucedidas que resultaram em avanços sociais e maior controle da pegada ecológica, a partir de incentivos à economia verde. Seguindo esta mesma lógica, a lição para as empresas, a partir da Conferência Rio+20, é se voltar para a cidade onde estão instaladas e ampliar suas relações com a população local, saber das dificuldades coletivas e das dificuldades do poder público para dar respostas às demandas sociais, bem como conhecer as entidades não governamentais, como elas trabalham, a idoneidade do que pretendem e do que elas precisam para levar a cabo seus propósitos. A partir desse diagnóstico, ver no que pode colaborar e traçar sua própria estratégia de inovação social.
Há uma infinidade de institutos e ONGs trabalhando nesse sentido, procurando ampliar o diálogo entre as autoridades locais e a população para que o processo de solução dos problemas seja o mais eficiente possível. Sair do plano abstrato e globalizante para mergulhar no microuniverso das cidades tende a ser a marca da militância ambientalista das próximas décadas e uma obrigação das empresas preocupadas com a sustentabilidade. Os países que se ajustarem nesse sentido, facilitando para que os municípios se desenvolvam em harmonia, serão mais bem sucedidos. Compete às empresas entender que são partes integrantes desse movimento.
Dicas para a sustentabilidade
1· Identifique os valores intangíveis de seu negócio e mapeie os processos da empresa desde a cadeia produtiva até o relacionamento com seus clientes.
2· Adote métodos de uso racional de energia e matéria-prima, uso de tecnologias alternativas e limpas, gestão de resíduos e outras intervenções no dia a dia da empresa, o que também inclui processos relacionados ao capital humano, como programas de qualidade de vida, benefícios e educação.
3· Elabore um Plano de Sustentabilidade, balizador interno e externo das ações da empresa, capaz de gerar valor à marca.
4· Estabeleça políticas de contratação – contratar exclusivamente fornecedores que cumpram a legislação e atendam às políticas de responsabilidade socioambientais definidas pela empresa.
5· Crie projetos de inteligência coletiva que envolva funcionários, comunidade, clientes, fornecedores, ONGs, governos, universidades.
6· Defina indicadores e métricas – são exemplos de indicadores: econômico, ambiental, social, trabalhista, direitos humanos, sociedade e responsabilidade.
7· Obtenha certificações de órgãos balizadores de seu negócio.
8· Comunique de forma eficaz as ações e os resultados, interna e externamente.
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